Neste filme queria explorar o formalismo de contar uma história tendo como ponto cinematográfico as costas da personagem. Ter o desafio de ser capaz de construir uma história sem a expressão emotiva de um rosto, mas tendo o enquadramento, direção de arte e figurinos para coadjuvar a narrativa.

O texto poético auxilia igualmente a imagem pela evocação da palavra que guia o percurso da personagem. O filme divide-se por capítulos, tal como um livro, onde o espectador deambula por cada lugar.

Esta escolha dramática é pontuada por planos surreais e misteriosos que complementam a busca da personagem pelo seu amor perdido, cujo toque aparece e desaparece como que desejado e não vivido. Esta perda, ou possível perda, guia-nos pelos espaços onde não há vivalma. Estes lugares e a própria natureza são os cenários para o desenvolvimento da personagem, a qual só se pode reorientar para ela própria.

Assim, no decorrer da história, a ausência do outro transforma-se em encontro com o vazio e com a própria personagem através do espelho. A história de amor perdida transmuta-se em amor próprio, as costas em rosto.