O Casaco Rosa

No conforto doméstico, o Casaco Rosa conspira e tortura, com recurso à linha e costura, contra os opositores do sistema. Um filme musical político sobre Rosa Casaco, inspector da polícia, durante o regime fascista português.

Data
2022

Função
Realização, Direção de Arte

O protagonista deste filme, o Casaco Rosa, simboliza o inspector da PIDE (polícia política portuguesa), Rosa Casaco.

Enquanto realizadora, quis destacar certos contornos dos acontecimentos que envolveram esta figura, contrariar o seu esquecimento e, através de uma linguagem cinematográfica alegórica, registar uma outra perspectiva de Rosa Casaco.

O universo infantil da narrativa é usado ironicamente para precipitar um confronto de linguagens. Se, por um lado, a estética e a música nos transportam para uma realidade mais pueril, as acções do casaco e de outros personagens como o ferro de engomar são cruéis e imorais, sem que haja qualquer repercussão para os perpetradores.

O filme serve-se de aspectos infantis, conferindo-lhes progressivamente um lado mais sombrio e sério. Como não são usadas pessoas, mas sim casacos e outras peças de vestuário, este imaginário parece inócuo, elaborado na sombra do imaginário dos filmes de infância, onde tudo é aparentemente seguro.

Dentro da casa de bonecas tudo tem uma aparência nova, prístina, como se fossem brinquedos acabados de sair da caixa.

Os figurinos são personagens: camisas, casacos, blusas, que demonstram o seu papel na sociedade ou o seu género: a camisa vermelha comunista que guarda os panfletos revolucionários, o casaco de General que demonstra o seu estatuto e profissão.

Naquela casa tudo é perfeito e nada está fora do lugar, ainda assim, o Casaco Rosa faz questão de a ordenar à sua maneira: entretém jogos de interesse e de poder, desfaz camisas, elimina casacos numa cave escura.

A casa de bonecas é o cenário principal, escolhida por ser o berço familiar, o tão aclamado lar no período do Estado Novo, a nossa pátria doméstica. Um lugar de intimidade e segurança onde, ao mesmo tempo, se passam situações hediondas. 

Contrastando com o universo infantil, o escritório, no arranque do filme, é um espaço adulto, pouco iluminado, onde a história do Casaco Rosa, Rosa Casaco, é remetida ao silêncio das estantes, entre tantas outras histórias.

Evoca-se assim uma prática que é comum nas diferentes nações, esconder as histórias domésticas cuja narrativa envergonha. Limitar o acesso a essas memórias, confiadas a sinistros homens de poder.

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Direcção de arte e figurinos

Processo, objectos e cenários

  • Porto Femme - Festival Internacional de Cinema

    Melhor Curta-Metragem de Animação - Competição Nacional, Portugal, 2022

  • Stoptrik International Film Festival

    Menção Especial, Eslovénia, 2022

  • Afrodite Shorts

    Melhor Curta Metragem Internacional, Itália, 2022

  • OJOLOCO - Latinoamerican Film Festival in Grenoble

    Prix du Jury Etudiant Court-Metrage, França, 2023

  • Festival de Cinema de Traversées

    Prémio do Público, França, 2023

  • Festival Ibérico de Cinema de Badajoz

    Prémio LUIS ALCORIZA do Jurado Jovem, Espanha, 2023

  • Rising of Lusitana - Animadoc Film Festival

    Menção Honrosa na Categoria Profissional pelo Júri Profissional, Polónia, 2023

  • FAFF - Factual Animation Film Festival

    Menção Especial na Categoria de Documentário Animado, Reino Unido, 2023

  • FEINAKI Beijing Animation Week

    MV Award, China, 2023

  • Festival 3in1 Film Fest

    Melhor Filme de Animação, Melhor Filme Português, Portugal, 2023

Argumento e Realização: Mónica Santos
Direcção de Fotografia: Manuel Pinto Barros, Pedro Negrão
Direcção de Animação: Rita Sampaio
Compositor: Pedro Marques
Letrista: Pedro da Silva Martins
Direcção de Arte: Mónica Santos
Actor: Gilberto Oliveira
Animação: Joana Nogueira, Mónica Santos, Patrícia Rodrigues, Rita Sampaio
Estruturas de Marionetas: Anna Deschamps, David Roussel, David Thomasse
Direcção de Construção e Adereços: Joana Nogueira, Patrícia Rodrigues
Construção Cenários e Adereços: Daniel Fonseca, Joana Nogueira, Matilde Camacho, Milton Pacheco, Nurian Brandão, Patrícia Rodrigues
Adereços Adicionais: Atelier02, Maria Nanim
Figurinos: Mónica Santos
Costureiras: Alexandra Barbosa, Fictional Tailors, Lurdes Sobrado, Olívia Santos
Animatic: Jorge Carvalho
Composição: Jorge Carvalho, Milton Pacheco, Sebastian Chala, Thierry Bouillet, Timothée Coquer
Correcção de Cor: Léo Mondon, Manuel Pinto Barros
Sound Design: Kévin Feildel
Bruitage: Bertrand Boudaud
Mistura de Som: Damien Tronchot
Direcção Coro: Raquel Couto
Coro Lira: Alice Martins, Amélia Leal, Beatriz Pinto, Benedita Carneiro, Carlota Lameiras, Carolina Barros, Gabriela Dias, Gabriel Ferreira, Laura Amaral, Leonor Parente, Luísa Martins, Margarida Amaral, Margarida Moreira, Maria Alice Sousa, Maria do Pilar de Mendonça, Maria Isabel da Silva, Maria Sampaio, Sara Almeida, Sarah Sampaio
Músicos: Carlos Soares, Luana Santos
Produção: [Animais AVLP] Vanessa Ventura, Nuno Amorim
Produção Executiva: Davide Freitas
Co-produção: [Um Segundo Filmes] Humberto Rocha, Pedro Medeiros
Co-produção: [Vivement Lundi !] Fabrice Dugast, Jean-françois Le Corre
Chefe de Produção: Caroline Lafarge
Direcção de Produção: Fabrice Dugast
Ad. de Produção: Valérie Amour Malavieille
Assistentes: Melissa Derennes, Nathan Santarossa
Em co-produção com: Arte France – Unité de Programmes Cinéma, Hélène Vayssiéres [responsável Curta Metragens], Sylvie Smets, Chafiâa Benaziza, Pascal Richard, Romain Froidefond
Com o Apoio de: Centre National Du Cinéma Et De Lʼimage Animée, La Région Bretagne Em Parceria Com O Cnc, Procirep – Sociedade De Produtores, Angoa
Estúdios Imagem: Animais AVLP, Um Segundo Filmes
Compositing: Personne N’est Parfait!
Bruitage | Mix: AGM Factory
Laboratório: AGM Factory
Equipamento: Filmesdamente, Filmes da Praça / Um Segundo Filmes
Apoio à Produção: A Casa Do Livro – Norprint, Casa Da Animação – Associação Cultural, Casa de Figurinos, Cristina Rebelo, Desocupado Porto, Duarte Ferreira, Fernando Carvalho, Filmes da Praça, Marcelo Lafontana, Patrícia Figueiredo, Play Audiovisuais, Qualia Prod, Sítio do Cano Amarelo
Obra com o Apoio Financeiro do: Instituto do Cinema e do Audiovisual, República Portuguesa, CNC – Centre National Du Cinéma Et De Lʼimage Animée, Région Bretagne, Procirep – Société Des Producteurs / Angoa